sexta-feira, 27 de junho de 2008

Odisséia de uma transferência de veículo – Parte I

Quando se fala em Relações Públicas, é preciso lembrar que elas se aplicam tanto a organizações públicas quanto privadas, organizações não-governamentais, sociedades, empresas individuais, enfim, para todas as áreas. Sempre acho importante dar exemplos reais, de coisas que acontecem não só no âmbito macrocorporativo, mas também no micro. Esta história é com "h", refere-se a uma experiência pessoal como cliente e como usuária dos serviços públicos.
Como é longa, vou relatar em pequenos cápítulos, para não cansar os leitores.

Resolvi trocar de carro. Meu Fiestinha completaria 8 anos de vida agora em junho, dia 26. Era quase um filho. Meu amigo, meu confidente, sempre me levou, ou à minha família, para onde eu quis ou precisei sem reclamar. Já me viu rir e chorar, alegre e brava. Mas, a idade já estava ficando mais avançada, começou com os primeiros sinais de necessidade de manutenção: troca isso, troca aquilo, arruma aquele outro... E o golpe final foi uma batida por trás, em maio, num mini-engarrafamento em que um caminhão de concreto perdeu o freio, bateu numa Fiorino, que bateu numa F-1000, que bateu no Fiestinha. Meu pai já dizia, há décadas atrás, que quando carro começa a dar muita manutenção, tá na hora de trocar. Conforme ele, os carros têm um período de dono. Depois eles mesmos dão sinais de que está na hora da fila andar. Como eu tinha uma grana poupada há mais de dez anos, resolvi encarar.

Fiz uma série de visitas em diferentes concessionárias de diferentes marcas e acabei me decidindo por um novo Fiesta. O carro antigo, bem avaliado (aquela coisa de carro de única dona, bem cuidado, pouco rodado), entrou no negócio, paguei a diferença, encomendei os acessórios (som, alarme), e saí da loja, no dia 24 de maio, feliz da vida, com a promessa de que no dia 02 de junho, segunda-feira, estaria com o carro na mão.

Na quarta-feira, dia 28 de maio, no final da tarde, recebi um telefonema do vendedor dizendo que eu teria que providenciar a transferência do meu carro usado do Rio Grande do Sul para São Paulo, que quando é entre estados a loja não realiza esse processo. Já fiquei meio incomodada, porque só me avisaram disso 4 dias depois da compra, quando eu já poderia ter dado andamento, ido no Poupa-Tempo, etc. O rapaz disse que tentou me ligar duas vezes na véspera e não tinha conseguido falar comigo. Estranho, porque aqui em casa raramente não tem ninguém, não vi nenhuma chamada não atendida no identificador de chamadas do telefone fixo, nem no celular. Enfim... Certamente nada que eu não pudesse resolver em três a cinco dias para ter meu carro novo na mão dentro do prazo.

Quinta-feira de manhã, dia 29, reuni os documentos e fui, lépida e faceira, ao Poupa-Tempo. Primeiro contato com a atendente do DETRAN, expliquei que queria fazer a transferência do veículo do RS para cá e ela me sai com essa:

- Já fez a vistoria do veículo?

E eu:

- Ainda não. Tem que fazer antes?
- Sim, primeiro a vistoria. E como o veículo é de outro estado, a senhora vai ter que levar o veículo lá para fazer a vistoria.
- !

Conseguem imaginar a cena? Fiquei olhando para a moça, estática, com os olhos arregalados por uns 10 segundos, sem esboçar reação. Ela, por sua vez, também ficou me encarando pelo mesmo período de tempo sem também fazer ou dizer mais nada. Tive uma espécie de vertigem, comecei a sentir um calorão, e tentava imaginar como resolveria isso. Teria que pegar o carro e viajar 1.800 Km para levá-lo até o Detran de Porto Alegre para fazer a vistoria e voltar, por mais 1.800km para dar continuidade ao processo. Imaginei pelo menos uns dois a três dias para fazer isso. Não poderia trabalhar nesse meio tempo, pois seriam uma 12 horas de viagem, pelo menos, e na verdade, teria que fazer paradas, descansar, comer, dormir. Lá, teria que ir ao Detran dentro do horário de atendimento para poder fazer a vistoria. Na volta, a mesma coisa, Nem poderia levar alguém para me fazer companhia. Meu marido também trabalha, minhas filhas têm colégio. É, no mínimo, intimidadora e altamente
insegura a perspectiva de fazer uma viagem desse tamanho de bate-e-volta sozinha. Perguntei:

- Mas não tem ninguém, um representante, um despachante autorizado, alguém que possa fazer a vistoria sem que eu precise viajar?
- Não que eu saiba. Vou falar com o meu supervisor, mas tenho certeza que quando a transferência é de estado tem que ser assim.

Foi-se a menina por entre as mesas e por trás do biombo-divisória. Fiquei eu ali, no balcão, sem saber se ria do absurdo da coisa, ou se chorava pela mesma razão. Minutos intermináveis se passaram enquanto eu olhava de longe a moça falando com o supervisor, e eu não conseguia decifrar o que os gestos, movimentos e trejeitos poderiam significar. Volta a moça.

- Parece que é diferente no caso do Rio Grande do Sul. A senhora pode fazer a vistoria no Ciretran daqui mesmo. Mas quando é de outros estados tenho certeza que é sempre assim.

Fiquei imaginando, se Porto Alegre são 1.800 Km, como será para quem quer transferir o carro de Brasília ou Manaus?

- Agora a senhora passa ali, entrega os documentos e vão lhe dar a senha para atendimento no guichê para verificarem a situação do veículo e o valor que a senhora precisa pagar na Nossa Caixa. São as taxas e multas. Depois a senhora faz a vistoria.

Mais aliviada, fui para a segunda etapa da transferência.

(Continua no próximo capitulo)

sábado, 14 de junho de 2008

Cultura local determina formas diferentes de atuação do gestor

Quando falamos em cultura organizacional, é fundamental lembrar que em tempos de globalização, a cultura local, regional ou nacional pode ser influência definitiva na forma de condução dos negócios. Imagine o cuidado que o gestor de comunicação corporativa deve ter ao planejar a comunicação estratégica de uma organização que tem filiais em diferentes regiões ou países!
Leia a matéria publicada na revista Você S/A de maio de 2008 e pense a respeito.
Se quiser, comente aqui seus questionamentos ou conclusões.
Boa leitura!

Estilo flexível
Para ter sucesso como executivo global, é preciso adaptar o estilo gerencial aos padrões locais Por FERNANDA BOTTONI


Quer seguir carreira no exterior? Então saiba que seu principal desafio será se adaptar a uma nova cultura. Essa questão, que já era debatida nas multinacionais,virou preocupação também entre as mais de cem empresas brasileiras em processo de internacionalização. A fabricante de carrocerias Marcopolo, por exemplo, que tem fábricas em quatro continentes, incluiu disciplinas sobre diversidade, espiritualidade e diferenças culturais no MBA que oferece aos executivos que serão expatriados.

Uma boa forma de começar essa preparação é saber que gestores em diferentes partes do mundo se comportam de maneira diferente diante de uma situação idêntica. A Thomas International, consultoria inglesa especializada em análise de perfis profissionais, que há anos coleciona características de executivos, simulou como reagiriam a um problema fictício, formulado por você s/a, profissionais de quatro países, além do Brasil. Conhecer as diferenças culturais permite saber como adaptar o seu estilo gerencial para dançar de acordo com a música, diz Edson Rodrigues, vice-presidente da Thomas International Brasil. Veja o resultado desse exercício e prepare a máscara corporativa que você vai levar na bagagem.

O PROBLEMA
Você trabalha numa empresa nacional em fase de internacionalização. A companhia decide concentrar todos os investimentos na expansão em um determinado mercado. A maioria de seus projetos é cancelada, inclusive aqueles que você propôs. Agora, você tem de reduzir custos e cortar pessoas importantes de sua equipe.



Você reagiria assim se fosse um executivo...
1- ... indiano: Um executivo indiano tentaria manter seus funcionários e utilizá-los em outras áreas, talvez até criando condições para que eles participassem da tal expansão, mesmo se não tivessem o perfil mais adequado para isso. O gerente indiano tem como características a estabilidade e o cuidado no trato com pessoas. Para trabalhar com os indianos, o ideal é evitar conflitos.


2- ... alemão: O alemão levaria mais tempo para demitir as pessoas. “Isso não quer dizer que ele seja mais emocional que os outros. Seu objetivo é fazer tudo como mandam as leis e os regulamentos”, diz Edson. A preocupação com a qualidade é a grande marca dos executivos nascidos na Alemanha. A dica para conquistá-los é buscar ser tão perfeccionista quanto eles no cumprimento de tarefas.
3- ... americano: Diante de um problema como esse, o americano demite pessoas e reorganiza os planos sem pestanejar. Trata-se de um profissional totalmente focado em resultados. Nessa cultura, quem quer obter sucesso precisa ter pulso. E, se realmente não houver saída, deve seguir a nova diretriz à risca. “O profissional
deve estar alinhado aos objetivos da empresa”, diz Edson.


4- ... inglês: Um executivo britânico tentaria buscar uma solução para evitar o corte de pessoas, ou pelo menos de algumas delas. “Eles usam a influência para obter o que desejam e enxergam mais o lado humano”, diz Edson. Para os britânicos, o resultado ainda aparece em primeiro plano, antes das pessoas, mas comunicação e persuasão também compõem seu perfil gerencial.


5- ... brasileiro: E o executivo brasileiro, o que faria? Segundo a Thomas, o perfil gerencial brasileiro é um meio-termo entre o americano e o britânico. Ele pode até ser menos rígido do que o americano em relação às demissões, mas não fica atrás quando o quesito é foco em resultados. Dos britânicos, os brasileiros tomam emprestado o uso da persuasão e da comunicação.