domingo, 26 de abril de 2009

Lá vou eu de novo!

É engraçado como as coisas acontecem. A vida tem etapas e fases que com certeza precisam ser vividas, uma por uma, por que trazem um ou vários ensinamentos que vão somar-se aos que já tínhamos anteriormente e nos fazer melhores, caso saibamos aproveitar o aprendizado.

Foram uns dois a três anos trabalhando como auxiliar administrativo em duas ou três empresas, no início da minha vida profissional. Isso era no tempo em que se escrevia à máquina e existiam cursos para aprendermos a datilografar X "toques por minuto", com o mínimo de erros (preferencialmente sem), o que era absolutamente necessário e requisito importantíssimo em processos seletivos.

Havia cenas que hoje, relembrando, chego a achar hilariantes, como etapas de concursos públicos em que lá estavam dezenas, centenas de candidatos, quase sempre em prédios e salas de universidades, para fazer as provas de datilografia... cada um levando sua máquina (ou emprestada) embaixo do braço - no caso das superportáteis - ou num "carrinho", como os de feira ou desses que hoje se vê em determinadas mochilas e malas. Pelo menos o papel para datilografar era fornecido pela empresa responsável pela seleção!

Nessa época, conheci o primeiro "terminal de computador", em que se tinha o monitor e o teclado, mas a máquina, o HD, era um main frame do tamanho de uma geladeira com freezer, das grandes, às vezes mais de um, que ficava numa sala enorme e refrigerada, que considerávamos um lugar mágico. Eu devia ter por volta de 20 anos de idade, mas lembro, como se fosse hoje, do técnico demonstrando o que o computador podia fazer. Ele "pilotava" a máquina, sentado em frente a ela, escrevendo coisas numa tela verde-escura cujas letrinhas apareciam brancas, com um espaço sublinhado que ficava piscando logo após a última letra escrita. Atrás e ao redor dele, cerca de seis ou sete pessoas, entre elas eu, os funcionários da área de recursos humanos da empresa, absolutamente hipnotizados e embasbacados.

Nunca vou esquecer o "ohhh" geral de grata surpresa e admiração quando vimos que, se ao escrever o técnico errava ou fazia que errava uma letra ou palavra, ele simplesmente apertava um botão no teclado que voltava para trás e apagava o erro, sobre o qual poderia-se, então, escrever da maneira correta, sem ficar nenum tipo de marca ou sequela do erro cometido. Uma verdadeira "maravilha da tecnologia", considerando-se que até então, mesmo nas mais modernas máquinas de datilografia elétricas da IBM, ao errar havia a necessidade de literalmente apagar o erro com uma fita especial que decalcava, em branco, por cima do erro datilografado, este em preto, o caracter ou palavra corretos na folha original. Se o documento estava sendo escrito em várias cópias, com papel carbono entre as folhas (alguém ainda sabe o que é papel carbono?), tinha-se que passar o corretivo branco, com pincel, e-xa-ta-men-te sobre o erro, em cada uma das páginas-cópias, assoprar para que secasse rápido, e depois recolocar cada uma das folhas na máquina e tentar acertar ao máximo o alinhamento para datilografar a coisa certa. Imagine isso quando se está fazendo um contrato daqueles beeem detalhados, com umas 12 ou 15 páginas e que está sendo feito em 3 ou 4 cópias. Digamos que você erre a grafia de algumas palavras, uma palavra na primeira página, outra na segunda, mais uma lá pela sétima... De chorar no cantinho!

Agora, dando um salto de cerca de 20 anos dessa lembrança, aqui estou com um notebook de 12 polegadas (que sozinho equivale a um main frame da década de 80), criando um veículo de comunicação na Internet (que não existia então), e fazendo uso de muito do conhecimento daquela época, como princípios de lógica de programação (que aprendi num curso de Cobol – alguém conhece essa linguagem?), e do que adquiri no curso de Relações Públicas, e depois trabalhando com comunicação social, e lecionando em cursos de Administração, Relações Públicas e Jornalismo. Cada uma dessas experiências, cada empresa, cada colega, cada curso, cada aluno com que interagi, me trouxeram um arsenal de informações e de aprendizados que sozinhos talvez não tivessem muito significado, mas juntos e dentro de um processo mental, são uma biblioteca multimídia de conhecimento em permanente crescimento e evolução. E é graças a isso que tenho vivido e superado as tantas fases da vida, com essa agradável sensação de sair de cada uma sempre melhor, sempre mais esclarecida, sempre mais capaz, cada vez mais feliz.

Quanto mais eu vivo, mais eu sei que tenho muito o que aprender e fazer, mas eu sei que cada pessoa que cruza o meu caminho tem algo a me ensinar, conscientemente ou não. E cada vez que penso nisso, essa certeza é como uma periódica injeção na veia de estímulo e motivação para continuar metendo o meu bedelho aqui e ali, conhecendo novas e diferentes pessoas, inventando novas atividades, criando espaços e momentos de interação. É o que impede que algumas tristezas – dessas que volta e meia nos acometem – se instalem, aprofundem e virem depressão. Fico triste sim, por um tempo, uns dias. Depois, começa outra vez aquela ansiedade no peito, a vontade de meter a mão na massa, de fazer as coisas acontecerem. Não consigo ficar acomodada por muito tempo, ainda mais sabendo que tem tanta coisa ainda para ser inventada, tanta gente que ainda não tem suas expectativas atendidas. E lá vou eu de novo!

Tecnologia e informática sempre foram e provavelmente sempre serão uma grande paixão na minha vida. Não era à toa que alguns alunos (agora ex-alunos) me chamavam de “professora hacker”! Meninos, eu vi isso nascer e ajudei a disseminar! hehe

Agora, estou praticamente transformando um sonho em realidade, unindo a tecnologia, a informática, as relações públicas, a administração e o jornalismo num único trabalho: o portal Plena Mulher

Dia 30 de abril estaremos no ar, inovando em termos de público-alvo, com uma missão quase evangelizadora: ajudar a mudar a visão estereotipada que a mídia e a sociedade têm das mulheres maduras, a partir dos 40 anos de idade, além de informá-las, esclarecê-las e estimulá-las a ter atitude. Não é tudo de bom?

quinta-feira, 16 de abril de 2009

Mães e mulheres do século 21

A Tok&Stok lançou a campanha de Dia das Mães deste ano com uma chamada um tanto... infeliz! Reforça o que a mídia e a sociedade insistem em dizer e fazer em relação à mulher do século 21, mesmo que, na verdade, seja o que era aplicável no século passado.

A frente do folheto diz:
Mãe
Cuidar dos filhos, do marido, da casa, do trabalho, e nunca, nunca descer do salto. Isto é que é ser mãe de verdade!

Alô, mulheres! Alô, homens! Alô, mídia! Alô sociedade!

Uma mulher NÃO TEM QUE ser a pessoa que "cuida dos filhos, do marido, da casa, do trabalho" e ainda por cima "sem descer do salto"!

 - Cuidar, educar, dar atenção aos filhos é missão COMPARTILHADA entre pai e mãe.

 - A MULHER NÃO TEM QUE CUIDAR DO MARIDO! É responsabilidade de cada um de nós cuidar de nós mesmos. Um casal se apoia mutuamente, é parceiro nos bons e maus momentos, estimula, aconselha e consola, mas cada um cuida de si. Ou vão me dizer que a mulher é quem lava a roupinha do marido, passa, dobra e guarda, dá remedinho quando fica doente, compra e gela a cervejinha? Só se cuida da criatura se é uma pessoa com necessidades especiais ou está muito fragilizado por uma doença! Somos todos grandinhos, adultos, vacinados!

- Não é a mulher quem tem que cuidar da casa, mas A FAMÍLIA. Marido, mulher e filhos! Arrumação, limpeza, decoração, são trabalhos que DEVEM ser compartilhados, muito especialmente entre marido e mulher, até para que haja um espírito de construção e manutenção do lar, da família, da vida em comum!

 - E, sim! Nós podemos e DEVEMOS DESCER DO SALTO tantas e quantas vezes acharmos necessário, ou estivermos de saco cheio, cansadas, com raiva. E, ainda, não somos obrigadas a "usar salto"! Cada mulher é única em seu estilo e modo de ser. Cada mulher tem o direito de ser elegante e refinada, educada e comedida, OU desgrenhada, natural, desbocada... Se quiser mudar, se isso for lhe fazer bem, então muda. Se não quiser, continua como sempre foi. O importante é ter identidade própria, auto-estima, amor-próprio!

O importante é ser uma mulher PLENA!

quarta-feira, 15 de abril de 2009

Você é branco, pardo ou negro?

Não é de hoje que vemos as tentativas quase desesperadas de governos, grupos e movimentos pró raças e antirracismo de definir quantos brasileiros são negros, brancos e pardos no nosso país, até para justificar as famosas "cotas raciais" em concursos.

O IBGE procura identificar isso por meio do censo e demais pesquisas que realiza, mas sinceramente não tenho confiança nos resultados. Isso porque, via de regra, quem responde à pergunta do título diz o que "acha", o que melhor lhe parece, ou o que mais lhe convém. Até porque, quem sabe quais são os critérios para se defnir a cor da pele de um ser humano? 

No Brasil, então, em que a miscigenação é uma marca registrada, como é possível definir isso? Por exame de sangue ou de DNA? 

Eu mesma me considero um exemplo. Meu registro de nascimento diz que sou de cor branca. Mas, meu avô paterno era filho de escravos, a avó paterna era índia, o avô materno descendente de paraguaio com índia, minha avó materna descendente de ingleses... Será então que sou parda? O que é ser pardo? É ser mestiço de duas ou mais raças? Mulato é pardo? Negro de pele clara é negro ou pardo? Branco-amarelado é brando ou pardo? Índios, asiáticos, árabes são brancos, pardos, negros ou tico-tico no fubá?

Para mim isso absolutamente não importa. Gente é gente, não interessa a cor ou a "pseudo-raça", até porque se o negócio é ajudar quem tem menos condições, mais dificuldades e restrições, o que conta é a situação sócio-econômica, independente de ser negro de olhos escuros, pardo de olhos cor de mel, ou brancos de olhos azuis. No Rio Grande do Sul, por exemplo, tem muita gente loiríssima, de pele branco-rósea e olhos azuis que vive em situação de desespero econômico.

Não temos que distinguir as pessoas pela cor da pele ou pela relação afetiva que fez seus pais, de raças diferentes, gerarem filhos "mestiços". Isso é o cúmulo do estímulo ao preconceito. Se de fato considerarmos que as pessoas são iguais, têm direitos iguais, isso realmente nos levará à justiça social. Diferenciá-las por causa da cor da pele não traz benefício algum, para ninguém, além de, em vez de ensinar a pescar, dar o peixe de mão beijada. E só nós, humanos, que nos achamos racionais, é que criamos esse tipo de diferenciação.

Deixo como exemplo esse vídeo, de dois animais da mesma espécie, considerados irracionais, e que não têm problema algum com a questão da cor de pele, ou de pelo.