sábado, 7 de novembro de 2015

As Relações Públicas e os três níveis de atuação


Além de não haver muito conhecimento sobre as atividades de relações públicas em geral, também existe uma grande confusão em relação aos níveis de sua atuação bem como às áreas e nichos em que atua ou pode atuar. Um pouco disso já foi possível observar no post anterior, Afinal, o que é Relações Públicas e o que fazem os RPs?

Com certeza o relações públicas e a atividade de Relações Públicas são importantes em qualquer organização do primeiro, segundo e terceiro setores. As grandes empresas foram as primeiras a se darem conta da necessidade de um trabalho de comunicação que não seja unicamente de publicidade e propaganda e com finalidade direta de comercialização de produtos e serviços, pois observaram que os resultados são efêmeros, restritos a pouco mais que o tempo de veiculação. Ao implantarem a metodologia de planejamento estratégico nas empresas, notaram que comunicação também é estratégica e precisa ser trabalhada como tal.

Dessa forma, as atividades de Relações Públicas – quando são desenvolvidas com fins exclusivos, como para lançamento de produtos e serviços de uma organização, por exemplo – são etapas táticas e operacionais que fazem parte de um plano estratégico anterior, geralmente de marketing

Numa organização que tenha a estrutura de comunicação bem elaborada, há, pelo menos três níveis de atividades e respectivos profissionais de comunicação. Numa rápida explicação, temos:

Nível Estratégico

É relativo à gestão da comunicação da empresa como um todo, elabora os planos de comunicação de médio e longo prazo (períodos de gestão comumente em torno de 5 a 10 anos) delineados sobre objetivos gerais e alinhados ao plano estratégico geral da empresa. Os profissionais deste nível geralmente têm mais de 10 anos de graduação, pós-graduação, e vários anos de mercado e são conhecidos como diretores ou gerentes.

É onde são determinadas as políticas e diretrizes de comunicação além de ser responsável pelo acompanhamento do cumprimento cronograma, verificação de resultados e relatório gerencial. É, também, onde são estabelecidos os recursos financeiros que serão disponibilizados para a comunicação corporativa; são analisados e consolidados os relatórios cujos resultados serão divulgados para toda a empresa e para os demais públicos de interesse; é avaliada a relação custo-benefício dos investimentos realizados por período; e avaliada a necessidade ou não de revisões de estratégias, de limite de verbas, do plano de comunicação, realinhamentos, entre outras atividades de alto nível gerencial.

Nível Tático

Trata do desenvolvimento dos programas de curto e médio prazo (geralmente de 1 a 5 anos), que são desdobramentos do plano geral de comunicação, determina objetivos específicos alinhados aos gerais e direcionados a necessidades mais pontuais da organização, bem como as abordagens que serão utilizadas para atingi-los. Os profissionais têm de 2 a 5 anos de formados, especialização ou cursos de curta duração no currículo, e menos tempo de mercado, geralmente enquadrados em subníveis como júnior, pleno e sênior, e orientam e supervisionam a execução.

Aqui são determinados quais os instrumentos que serão utilizados de acordo com as características e abrangência dos públicos-alvo e públicos indiretos; delimitam-se as verbas para cada segmento; determinam-se programas específicos para datas marcantes e para novos produtos e serviços a serem lançados pela empresa; é onde são reunidas e sintetizadas as informações e elaborados os relatórios.

Nível Operacional

É onde são elaborados os projetos de curto prazo (que podem ser de semanas até um ano) que desenvolvem as ações que chegarão até os públicos-alvo. São determinados e detalhados os instrumentos e todos os passos a serem executados para a operacionalização das atividades. Neste nível, trabalham estudantes de graduação em comunicação ou aqueles com até 2 anos de formados (de estagiários a auxiliares e trainees), e estão sob constante supervisão e orientação dos superiores do nível tático. Aqui é que são vistos os profissionais de relações públicas que desenvolvem eventos estratégicos, ou os que elaboram conteúdo para jornais empresariais, murais, sites, blogs, imprensa, pesquisas de opinião, pesquisas de satisfação, tabulações, levantamentos, orçamentos, contatos, redigem releases, fazem registros e relatórios detalhados, etc.
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Isso é o que acontece nas grandes organizações, que têm estrutura física e financeira para tanto. Outras empresas mantêm apenas o nível estratégico em sua estrutura e terceirizam os níveis tático e operacional; ou, ainda, terceirizam apenas o nível operacional. Esse é o nicho em que as agências e consultorias de comunicação geralmente atuam.

Por outro lado, sempre é bom lembrar que instituições não são necessariamente aquelas que são compostas por vários funcionários, com sede em edifícios comerciais, que industrializam e/ou comercializam produtos de consumo de primeira necessidade ou serviços essenciais. A nossa sociedade é complexa e dela também fazem parte as atividades de lazer e entretenimento, esportes, turismo, moda, cultura, etc. Sendo assim, atletas, políticos, atores, músicos, escritores, artistas, celebridades em geral, também são instituições, geralmente com CNPJ, e muitas vezes com representatividade internacional. E, certamente, precisam gerenciar sua imagem e reputação tanto ou talvez até mais que muitas organizações, uma vez que, por terem uma estrutura menor, podem ser prejudicados muito mais rapidamente.

Entretanto, talvez até em função dessa estrutura menor, o mais comum é que essas instituições contem com apenas um ou dois profissionais responsáveis por quase todas as áreas do negócio. São os que costumam chamar de “agentes” ou “empresários”, que, embora muitas vezes sejam administradores, também podem ser advogados, economistas, contadores, jornalistas, relações públicas, além de não ser raro não terem uma graduação específica, mas serem pessoas com visão e tino para negócios.

É comum essas pessoas serem as responsáveis pela administração da carreira da celebridade e contarem com assessorias específicas para algumas áreas, como por exemplo, assessoria de imprensa, jurídica, contábil, publicidade, etc. Na verdade, faltam pesquisas e dados estatísticos capazes de nos dar as informações corretas para podermos conhecer e analisar informações sobre a atuação de Relações Públicas nesse segmento.

Um último lembrete: a indústria da moda vive e sobrevive de imagem, aparência, comportamento, opinião e publicidade, além de contar permanentemente com celebridades tanto como criadores quanto usuários e divulgadores de moda. Certamente o trabalho de relações públicas é fundamental nessa área, e as grandes grifes, que também contam com uma estrutura organizacional mais delineada, têm absoluta consciência da importância da comunicação no seu negócio. Acredito que haja muitos profissionais de relações públicas atuando nessa área, mas, mais uma vez, faltam-nos dados que possam dar base para afirmações mais seguras.

Não seria ótimo se fosse desenvolvida uma grande pesquisa nacional para conhecermos melhor a realidade da comunicação e das Relações Públicas no país?

Espero ter ajudado um pouco a esclarecer as dúvidas de muitas pessoas, ao mesmo tempo em que deixo a provocação para nós mesmos e outros profissionais e interessados:

- Quais seriam as formas de ampliarmos o leque de conhecimento sobre a atuação das Relações Públicas no Brasil para que possamos, também, difundir nossa profissão e aumentar nosso mercado?

Afinal, o que é Relações Públicas e o que fazem os RPs?

Neste post de hoje e no próximo, procuro esclarecer mais um pouco sobre o que é e o que não é Relações Públicas, sobre o que nós, profissionais, fazemos e não fazemos nessa atividade que tantas vezes é confundida com outras e até mesmo incompreendida.

Análise de cenários e mercado – o profissional de relações públicas tem conhecimento e formação para realizar uma ampla análise de cenário e do mercado em que a organização está inserida. Essa é uma das primeiras etapas do trabalho de um RP, pois não é possível que seja desenvolvido um plano com previsão de resultados positivos se não houver o conhecimento prévio da real situação em que a empresa se encontra.

Autoconhecimento e verdade – o profissional de relações públicas promove o autoconhecimento da organização para que esta identifique suas verdades, seus valores, sua cultura, seus princípios e a partir disso estabeleça as diretrizes que balizarão os relacionamentos com todos os seus públicos de interesse.

Busca de resultados tangíveis – embora o profissional de relações públicas não tenha como objetivo direto a venda de produtos e serviços, esse é um objetivo indireto, mais propriamente, uma conseqüência do estabelecimento de relacionamentos duradouros e harmoniosos entre a organização e seus públicos. Dessa forma, as ações de relações públicas têm resultados mensuráveis e tangíveis, na medida em que o aumento das vendas, o retorno e a fidelização dos clientes, o aumento da produtividade e da qualidade do serviço dos funcionários, a valorização das ações da empresa no mercado e o fortalecimento da marca têm impacto direto no faturamento e no lucro da organização.

Equilíbrio de benefícios para a organização e a sociedade – um relações públicas tem sempre em mente que o sucesso da organização está diretamente ligado ao desenvolvimento socioeconômico do país e, portanto, gera impactos na sociedade. Dessa forma, as relações públicas trabalham para estabelecer e harmonizar relacionamentos que promovam o equilíbrio da satisfação tanto das organizações quanto da sociedade.

Informação e comunicação adequada – o trabalho de relações públicas tem como principal ferramenta de relacionamento a comunicação excelente entre a organização e seus públicos, ou seja, a transmissão clara das informações necessárias numa linguagem, instrumentos, meios e canais adequados às características de cada público. Uma mesma informação pode ser transmitida de diferentes formas, de acordo com cada público, para que seja recebida e compreendida com o máximo de facilidade e o mínimo de dúvidas.

Mapeamento de públicos – embora a maioria as pessoas pense que os públicos de uma organização resumem-se aos clientes e funcionários, na verdade eles são muitos além desses. Para conhecer todos os públicos que influenciam a empresa ou sofrem influência desta, é necessário que seja feito um mapeamento, de acordo com a área de atuação da empresa, área geográfica, interesses de negócio, jurisdição legal, entre muitos outros fatores.

Pesquisa de necessidades e expectativas – num relacionamento, seja da espécie que for, existem necessidades e expectativas de todas as partes envolvidas. É papel do relações públicas buscá-la, conhecê-las e interpretá-las, tanto de cada público quanto da própria organização, para que possa promover o equilíbrio da satisfação de todos.

Porta-voz empresarial – o profissional de relações públicas tem preparo para ser o porta-voz oficial de uma organização quando esta não dispõe de um representante do alto escalão preparado para sê-lo. Entretanto, o relações públicas procura sempre capacitar os líderes da organização para que eles mesmos desempenhem esse papel.

Realização de eventos estratégicos – de acordo com os objetivos estratégicos de relacionamento e comunicação, o relações públicas planeja e coordena eventos corporativos de diferentes portes e com diferentes públicos.

Relacionamento – é a palavra-chave que orienta o trabalho de relações públicas. Com base em conhecimentos da área da psicologia social e da sociologia, entre outras disciplinas, o relações públicas sabe que “tudo é feito por pessoas e para pessoas” e que, desta forma, nada é possível se não for estabelecido um relacionamento positivo entre as partes envolvidas para que os interesses entre as partes sejam alcançados satisfatoriamente.

GESTOR ESTRATÉGICO DA COMUNICAÇÃO – O profissional de relações públicas levanta informações, analisa-as e interpreta-as, e a partir desse conhecimento desenvolve planos estratégicos de comunicação únicos, customizados, para cada tipo de organização. Assim como as pessoas são diferentes entre si, as empresas também têm personalidades próprias, bem como histórias, percursos, experiências e objetivos diferentes. Não existe, portanto, uma receita pronta de comunicação e relacionamento que possa ser aplicada a todos ou vários tipos de organizações. O profissional de relações públicas tem conhecimento teórico e prático para desenvolver planos sob medida para as empresas, o que o torna um gestor competente e especializado da comunicação estratégica de uma organização.

Mas, então o que NÃO É NEM FAZEM os Relações Públicas?


Acompanhante de executivos – Embora muitas vezes o profissional de relações públicas acompanhe ou assessore o alto escalão da empresa, sua função nesses casos é evitar conflitos, orientar o assessorado em relação a questões de cerimonial e protocolo, receber eventuais solicitações de entrevistas e organizá-las, entre outras atividades relativas a aparições públicas do assessorado.

Assistente de diretoria ou presidência – Assistente é o auxiliar ou adjunto do diretor ou presidente, em uma área específica de conhecimento técnico ou das atividades gerais do assistido. Pode ser um secretário executivo, por exemplo, que tem conhecimento de todas as atividades do diretor ou presidente e organiza a sua agenda e toma as providências necessárias para que o superior possa realizar com maior agilidade suas funções.

Catador de clientes – O profissional de relações públicas não é alguém que “pega clientes à unha” para divulgar produtos e serviços e convencê-lo a comprar. Muito pelo contrário, em relação aos clientes, que são apenas um dos muitos públicos de uma organização, o RP busca conhecer seu grau de satisfação em relação à organização, bem como captar e compreender suas necessidades e expectativas, de maneira a estabelecer com ele um relacionamento duradouro, muito além da simples aquisição de produtos ou serviços.

Construtor de Imagem – As Relações Públicas não “constroem” imagens, até porque imagem é um produto da percepção dos diferentes públicos da organização, e a percepção dos públicos pode ser muito diferente da percepção do próprio profissional de RP ou dos demais membros da organização. De acordo com o grau de informação, da cultura individual e social, do nível intelectual e da educação formal, entre outros itens, os indivíduos e grupos sociais percebem uma mesma situação, organização ou pessoa de diferentes formas.

“Enfeite” de eventos – Por mais que um profissional de relações públicas tenha boa aparência, vista-se bem, seja desenvolto e simpático, de forma alguma é apenas uma peça decorativa ou de atração de um evento. Para isso servem acessórios de decoração como faixas, flores, luzes, obras de arte, balões coloridos, etc.

Hipocrisia, ilusionismo e falsidade – As relações públicas não trabalham com a simulação da realidade, charlatanice ou mentira. Só é possível construir relacionamentos verdadeiros e duradouros se de acordo com os valores éticos e morais, diretrizes e filosofias reais sobre o qual se alicerçam as organizações.

Operador de telemarketing – O telemarketing é uma ação de marketing cujo principal propósito é prospectar clientes e vender produtos e serviços. O profissional de relações públicas não desenvolve ações diretas de venda.

Promotor de festas – Confraternizações, comemorações, congressos e outros tipos de eventos são instrumentos de comunicação com diferentes objetivos e desenvolvimentos que podem ser utilizados pelos profissionais de relações públicas desde que dentro de uma linha de raciocínio tático com a finalidade de atingir objetivos estratégicos.

Recepcionista de luxo – Uma das atividades relativas às relações públicas é atender com atenção e cuidado todo e qualquer público que dirija-se à empresa, seja com o propósito de fazer reclamações, sugestões, ou qualquer outro objetivo. Entretanto, não é função de relações públicas atuar como um recepcionista ou telefonista, para o que existem profissionais específicos.

Vendedor ou representante de produtos e serviços – Um profissional de relações públicas, como já dito anteriormente, não tem como uma de suas atividades fazer propaganda ou vender serviços ou produtos de uma organização. Tais atividades são ligadas à área comercial ou à de marketing, mas podem ser utilizadas como um canal de transmissão ou recepção de informações.

CONTATO DA EMPRESA COM OS CLIENTES – O profissional de relações públicas pode desempenhar, muitas vezes, atividades de relacionamento com públicos específicos, como é o caso da ouvidoria, por exemplo. Entretanto, o principal meio de contato de uma empresa com os clientes são os canais diretos de venda, sejam vendedores, representantes, distribuidores, sites de e-business, etc, cujo objetivo é oferecer produtos e serviços e converter essa oferta em aquisição.


Como um maestro e sua orquestra, o RP orienta e conduz a comunicação de uma organização.

sexta-feira, 6 de novembro de 2015

Comunicação corporativa – que “novidade” é essa?

Não se assuste, comunicação corporativa não é uma nova ciência ou nova modalidade de comunicação. Na verdade, para nós, relações-públicas, o que tem de mais novo é, mesmo, o nome. Quem já ouviu falar ou já aprendeu alguma coisa sobre comunicação organizacional ou comunicação empresarial, não está longe da comunicação corporativa.

O que ocorre é que a expressão “corporativa” entrou na moda. Enquanto até uns anos atrás se usava organização ou empresa para nos referirmos ao conjunto de todas as divisões de uma instituição, hoje, em função da ascendência inexorável das multinacionais, que geralmente são de origem estrangeira e que têm cada vez mais filiais espalhadas pelo mundo, passou-se a dizer corporação. 

Em termos de Brasil, nada mais natural. Afinal, não é necessário sermos grandes analistas antropológicos e linguísticos para sabermos que as expressões americanas, ou, pior, americanizadas, são uma verdadeira febre nacional. Em inglês, corporation nada mais é do que “uma empresa de negócios”, conforme o velho e bom dicionário Oxford (5th edition, p. 260).

Então, vamos deixar claro, desde já, que comunicação corporativa, comunicação organizacional e comunicação empresarial são sinônimos e que assim serão utilizados neste artigo.

Os princípios da comunicação organizacional não mudaram muito ao longo do tempo. Trata-se da gestão da comunicação estratégica da organização, ou seja, o planejamento e a administração dos relacionamentos da empresa pela utilização dos princípios da comunicação social, com o objetivo de construir e manter a identidade, imagem e reputação empresariais perante todos os seus públicos. Dessa forma, considera-se a empresa como um todo, um corpo único, que, embora formado de diferentes partes, segue (ou deveria seguir) os parâmetros determinados pelo caráter e personalidade que a caracterizam e orientam todas as suas ações e reações.

A comunicação corporativa, portanto, segue ocupando-se da análise do ambiente em que a empresa se insere, identificando e conhecendo as especificidades dos diversos públicos com os quais se relaciona. A partir disso, desenvolve estratégias de comunicação adequadas para atingir esses públicos e, então, auferir resultados alinhados aos objetivos organizacionais – sem perder de vista o movimento cada vez mais veloz de constante mudança no mundo globalizado. A diferença, entretanto, da “antiga” para a nova comunicação empresarial, encontra-se na evolução e revolução constante das necessidades e expectativas dos públicos, que deixaram de ter o posicionamento passivo e condescendente do início do século vinte, para assumir, demonstrar e manifestar suas vontades, exigências ou mesmo carências e demandar atenção cada vez mais individualizada.

As principais funções da comunicação corporativa são reconhecidas (ARGENTI, 2006) como sendo as de:
  1. gerenciamento da reputação;
  2. propaganda corporativa e ações que beneficiem a sociedade;
  3. relações com a mídia;
  4. comunicação de marketing;
  5. comunicação interna;
  6. relações com os investidores;
  7. responsabilidade social; 
  8. relações com o governo; e 
  9. gerenciamento de crise.
Embora estejam, assim, categorizadas, facilmente se observa que há uma estreita inter-relação entre esses conceitos, uma vez que são interdependentes apesar de conservarem suas características específicas.

Em cada uma das situações citadas, podem-se verificar algumas mudanças de foco. Quando se fala em gerenciamento da reputação, o que fica mais claro é que, embora a imagem organizacional ainda seja a menina dos olhos da comunicação empresarial, e, portanto, das relações públicas, o conceito ampliou-se muito. Enquanto a imagem é baseada principalmente na percepção dos públicos em relação a uma organização, e que, portanto, pode ser “maquiada” para garantir maior aceitação, a reputação baseia-se na credibilidade da empresa no mercado, no correr de uma linha de tempo que remonta às suas origens.

Hoje, dá-se muito mais relevância a questões como caráter, personalidade, coerência, honestidade, valores morais, do que à simples “aparência” externa, embora esta precise estar em harmonia com aqueles, em nome da consistência do conjunto de informações. Estranho seria, por exemplo, se um executivo de uma empresa, que se propõe a comprometer-se com a defesa do meio ambiente, fosse fotografado numa festa calçando um sapato de couro de jacaré.

Quanto à função propaganda corporativa e ações que beneficiem a sociedade, vê-se que cada vez mais as organizações apercebem-se da necessidade de desenvolver ações voltadas para a sociedade, sem cunho comercial, comprometendo-se com a cidadania num sentido amplo, como parceiros dos gestores da área pública. 

A realidade menos favorecida de muitos países nos quais as multinacionais mantêm filiais ou sucursais torna-se um estímulo à conscientização das grandes corporações em relação ao seu papel de apoio às políticas e projetos governamentais, especialmente aqueles voltados para a saúde, saneamento básico, educação e cultura. Dessa forma, é cada vez mais comum ver-se propagandas de diferentes empresas em diversos meios de comunicação, apoiando campanhas de vacinação, de controle de pragas, incentivo à leitura e atenção à qualidade de vida, por exemplo.

Ao se falar de relações com a mídia, a primeira ideia que nos vem à mente é a das assessorias de imprensa, muitas vezes terceirizadas, com a propagação quase indiscriminada de releases. Imagine quão satisfeito você ficaria se as empresas enviassem mensagens para sua casa e depois ficassem telefonando para saber se você as recebeu. Pois é. Jornalistas também não gostam disso! E é aí que encontramos o foco do relacionamento com a mídia, bem além da assessoria de imprensa que tem um cunho mais comercial e impositivo.

O relacionamento com a mídia pretende estabelecer relações mutuamente positivas, em que a empresa se posicionará como uma fonte de informações confiáveis e de expertise na sua área de atuação para a mídia, e a mídia como uma parceira, capaz de ampliar e diversificar o alcance das informações sobre a empresa que auxiliarão na formação de opinião do público quanto à sua imagem e reputação.

Todos sabemos que quem tem a incumbência de trabalhar a concepção, demanda, determinação de preços, promoção e distribuição de produtos e serviços é o profissional de marketing – que em inglês é a “teoria e prática de apresentação, publicidade e venda de bens” (OXFORD, p. 718). Entretanto, comunicação de marketing é a orientação e acompanhamento das ações de marketing, de maneira que estejam alinhadas com as políticas e diretrizes estratégicas de comunicação organizacional, evitando distorções que poderiam confundir a opinião pública em relação à identidade, imagem e reputação da empresa. 

Trata-se de um trabalho interno de parceria para manter a harmonia e congruência da comunicação com o objetivo comum de alcançar resultados organizacionais positivos, tanto financeiros quanto institucionais.

Em tempos de globalização, de acesso quase ilimitado à informação, de maior nível de formação e especialização dos trabalhadores nas organizações, o chamado “público interno” é hoje muito mais consciente do próprio valor enquanto ativo humano e principal agente das atividades da organização. Portanto, está diretamente relacionado à capacidade da empresa para gerar lucro e difundir sua imagem e reputação no mercado.

Por isso, a comunicação interna encontra-se num novo patamar em que as ações voltadas a esse público precisam estar ancoradas num mesmo núcleo estratégico de comunicação, considerando não só o corpo funcional como um todo, mas também os diferentes segmentos e individualidades. Mais uma vez, a coerência na comunicação é imprescindível, de maneira que os funcionários tenham, na prática, as mesmas possibilidades de receber, enviar e buscar informações da organização, e que sejam reconhecidos e tratados como viabilizadores do sucesso e da continuidade da empresa.

As relações com os investidores também não são novidade. Todavia, o perfil dos investidores mudou muito nos últimos anos e têm-se desde grandes instituições financeiras até pessoas físicas dentro desse segmento de público. Em consequência, surgiu a necessidade de diversificar a linguagem e as formas de relacionamento, de maneira mais direcionada, adaptando-se o modo e os meios de divulgação das informações de acordo com as características e expectativas de cada tipo de investidor. Isso implica em monitorar e atender permanentemente as necessidades e interesses dos investidores, de maneira a, além dos resultados financeiros, proporcionar-lhes também um ambiente de confiança que dê estabilidade à organização em casos de eventuais crises.

Sabe-se que uma das palavras de ordem dos nossos tempos é a responsabilidade social. A crise econômica que assola uma grande parte dos governos de vários países trouxe à tona a sua incapacidade de gerir com exclusividade as necessidades das populações, especialmente as de menor poder aquisitivo. Com isso, as organizações passaram a assumir parte dessa responsabilidade, através de políticas, projetos e ações sociais nas mais variadas áreas, inclusive a ambiental, como forma de contribuir para a melhoria da qualidade de vida da população, evitar um colapso ecológico de proporções globais e garantir a própria sobrevivência. Essa é mais uma função da comunicação corporativa, uma vez que planos de responsabilidade social devem invariavelmente estar de acordo com as políticas e diretrizes estratégicas da organização e têm influência direta na formação e manutenção da identidade, imagem e reputação empresariais.

As relações com o governo sempre tiveram importância estratégica nas organizações. Uma simples alteração numa lei que tenha impacto sobre as atividades da empresa pode gerar uma crise e até dificultar ou mesmo inviabilizar a continuidade das operações. Dessa forma, estabelecer e manter boas relações com as entidades governamentais e seus representantes, colaborando com os mesmos em termos de informações, pesquisas, opiniões de especialistas, relatórios são atribuições inerentes à comunicação corporativa, ao lado do permanente e transparente cumprimento das obrigações legais da organização, que garantem-lhe a boa vontade mínima por parte do governo para incrementar o relacionamento.

A cada dia observa-se que catástrofes, incidentes, acidentes e outros acontecimentos inesperados ocorrem com maior frequência e com amplitude de impacto cada vez maior, muito por causa da mundialização da economia e da agilidade com que as informações perpassam os continentes. Qualquer que seja o evento desafortunado, os riscos de uma crise se desencadear são enormes, e, dependendo da forma como for administrada, pode levar a empresa ao seu fim.

O gerenciamento de crise, ou gerenciamento da comunicação de crise, tem papel fundamental na administração da crise. O planejamento com antecedência de como, quando e com quem agir em situações extremas é prioritário, pois no momento em que acontecem, a improvisação é o pior caminho. O raciocínio precisa ser muito rápido e há excesso de informações e preocupações das mais diversas origens circulando, o que dificulta a clareza para a tomada de decisões e cujos efeitos podem ser prejudiciais e até fatais para imagem e reputação organizacionais.

Todas essas funções da comunicação corporativa, como pode ser visto acima, têm influência umas sobre as outras e precisam ser regidas como se fossem diferentes instrumentos de uma mesma orquestra. E justamente por isso precisam estar reunidas sob a batuta de um mesmo regente, que, nas grandes corporações costuma ser conhecido como a Assessoria de Comunicação Corporativa.

Certamente, se você for ouvir um concerto, notará que alguma coisa está errada se um ou mais instrumentos estiverem tocando em outro tom, ou às vezes até uma outra música. A dissonância ou estridência machucará o seu ouvido e o seu conceito sobre aquela orquestra ou banda será afetado. Provavelmente você nunca mais gastará um centavo para comprar uma entrada para apresentações dela. E ainda aconselhará familiares e amigos a fazerem o mesmo. Você já pensou que com isso poderá estar decretando o fim de carreira do conjunto? Não é à toa que existem bandas que surgem meteoricamente num mês e desaparecem antes de o ano acabar. O mesmo se aplica às corporações.

Então, só para lembrar o título, comunicação corporativa não é novidade nenhuma. É apenas o aprimoramento dos nossos conhecimentos e da prática da comunicação empresarial de acordo com os novos tempos e com as novas nomenclaturas em voga: Relações Públicas na cabeça!

terça-feira, 20 de março de 2012

Mídias Sociais... e agora? e Blogs Corporativos: modismo ou tendência?

No próximo dia 28 de março, quarta-feira, a partir das 19 horas, a Relações Públicas Carolina Terra estará na livraria FNAC do Shopping Morumbi, em São Paulo, para lançar seu novo livro Mídias Sociais... e agora? e da 2ª edição de Blogs Corporativos: modismo ou tendência?


É uma oportunidade imperdível para prestigiarmos pessoalmente uma grande profissional que nos presenteia com o seu conhecimento!


Carolina Frazon Terra é doutora e mestre em Interfaces Sociais da Comunicação, especialista em Gestão Estratégica da Comunicação Organizacional e Relações Públicas, pela Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA-USP), e formada em Relações Públicas pela Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” – Campus de Bauru (Unesp/Bauru). Em seu currículo, há pesquisas sobre novas tecnologias de comunicação – redes sociais on-line, além de trabalhos como diretora de mídias sociais da Agência Ideal, coordenadora de comunicação corporativa do site de e-commerce MercadoLivre e como Relações Públicas da Vivo, além de ser professora do curso de Relações Públicas da USP e da Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado (Fecap). Também soma experiências como professora de cursos de pós graduação em mídias sociais na Fundação Armando Álvares Penteado (FAAP) e no Centro Universitário Belas Artes.

Mídias sociais… e agora?

O papel do livro é informar os leitores sobre o que são as mídias sociais corporativas e o que deve ser feito para que um projeto de mídias sociais seja implementado nas empresas em que trabalham. No caso dos estudantes de graduação ou pós-graduação, o intuito é mostrar como fazer um planejamento de comunicação aplicado às mídias sociais.

Além de oferecer um panorama das mídias sociais no Brasil e as orientações sobre todos os passos necessários para a construção de um projeto corporativo nessa área, a autora apresenta, com exclusividade, a matriz de presença e engajamento e a régua de posicionamento. Essas ferramentas foram criadas por ela para nivelar as organizações quanto à atuação nas mídias sociais.

Blogs Corporativos: modismo ou tendência? – 2ª edição

Com conteúdo revisado, a obra reúne os conceitos do mundo digital, das redes sociais online e de todas as tendências relacionadas às tecnologias digitais, a fim de facilitar as tarefas cotidianas, ao mesmo tempo em que posiciona as grandes organizações no cenário moderno atual.

O livro aborda o mundo digital e todo o contexto que envolve o mesmo, afirmando que mais do que modismos, as mídias sociais e suas respectivas características ganharam a preferência dos internautas, firmando-se como tendências na arte de se comunicar, além de ampliar o diálogo das organizações com seus públicos, facilitando a comunicação e instaurando uma nova era de interatividade e colaborações nos negócios.

Lançamento 
Data: 28/3
Horário: a partir das 19h
Local: FNAC do Shopping Morumbi, localizada no piso Lazer
Endereço: Av. Roque Petroni Jr., 1089

domingo, 4 de março de 2012

Empresas largam intranet e adotam redes sociais

Sinal dos tempos, as empresas finalmente abrem os olhos e a mente e começam a integrar as redes sociais no dia-a-dia organizacional. A notícia saiu no jornal Folha de São Paulo de sábado, dia 03 e março de 2012, e reproduzo aqui apenas o resume dela que foi publicado na página C18, conhecida como Folha Corrida, um sumário das notícias do dia.

"Grandes empresas, como Aorta e Pão de Açúcar, estão substituindo a intranet pelas redes sociais.
A Telefônica, por exemplo, adotou o Facebook. Funcionários de nove Estados da empresa trocaram as reuniões presenciais por um grupo na rede social. Na Aorta, o s funcionários ficaram sabendo pelo  Facebook que a empresa havia sido comprada por uma holding digital a RBS.
O grupo Estácio, Endeavor e Santander preferiram o site by You, que permite conexão com o site de Mark Zuckerberg.
A escolha de uma mídia social faz parte de uma mudança de comportamento. 'A geração que estará sentada nas nossas empresas nos próximos anos é muito mais colaborativa', afirma Laércio Cosentino, presidente da Totvs, que desenvolve o by You."


Fonte: Folha de São Paulo, Folha Corrida, C18, 3/03/2012. Para ler a íntegra da matéria é preciso ser assinante da Folha ou do UOL