quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Coleção Panos de Prato Zaffari – 1975

1975

Morávamos, meus pais e eu, na rua General Auto e o Zaffari da Fernando Machado ainda não existia. Passeio bacana era ir de carro fazer o rancho no Zaffari da Ipiranga, que na época achávamos longíssimo de casa, e sonhar que um dia teria um pertinho de nós. Como dá para notar, o pano de prato tá bem usadinho. Trabalhou duro na cozinha por anos a fio, mas agora já faz uns 10 anos que está aposentado e entrou para o “hall da fama” da família.

Nesse ano tive meu primeiro namorado, aos 13, e dei meu primeiro beijo, mas ainda ganhei uma boneca – que eu pedi – de aniversário. Eu teria terminado o primeiro grau, mas fiquei em exame de Matemática, precisando tirar 10. Tive aulas de reforço com professora particular, mas no dia de fazer a prova, desisti. Passei o ano inteiro matando aula, e queria tirar 10 na prova? Até poderia conseguir, mas não estava a fim de tentar. Foi um ano difícil e complicado, com meus pais num processo de separação meio louco e eu tentando – com pouco sucesso – não ficar na linha de fogo, ao mesmo tempo em que iniciava oficialmente a minha adolescência.

Algumas das aulas que matei foram para ficar em casa dormindo, pois passava as noites e madrugadas inteiras lendo. Foi quando estive fascinada por culturas e sociedades antigas e teorias relacionadas com a influência de seres interplanetários no desenvolvimento do conhecimento dessas civilizações. Fui praticamente abduzida por livros como “Eram os Deuses Astronautas?”, “Os Mistérios da Ilha de Páscoa”, “A Civilização Maia” e “A Civilização Egípcia”. Também retomei a coleção do Monteiro Lobato para reler, com outros olhos, “Os Doze Trabalhos de Hércules”, sobre a Grécia Antiga. Mas várias outras vezes fui passear na rua dos Andradas e fazer lanche no Rib’s ou nas Americanas!

Nessa época, estudava no Colégio das Dores e na hora de ir para a aula me encontrava na esquina de casa com o colega e amigo Sady Homrich, que morava na Fernando Machado, uma quadra antes, para irmos juntos pelas restantes 5 quadras que percorríamos a pé (Fernando Machado, Bento Martins e Riachuelo) até chegar no colégio. Estávamos em turmas diferentes, mas era bom ter uma companhia legal pelo caminho. Vários anos mais tarde, o Sady veio a fazer parte da banda Nenhum de Nós.

Sou 100% a favor da liberdade de matar aula. Minhas 4 filhas sempre tiveram essa liberdade. Não tá a fim de ir? Quer ficar dormindo? Quer passear? Beleza! Só avisa para eu não levar um susto quando telefonarem do colégio! Acho um verdadeiro absurdo o que acontece em algumas escolas de algumas cidades em que os alunos gazeteiros são caçados como criminosos e os pais multados e levados a juízo por causa das faltas dos filhos à escola. Não se pode nem se deve obrigar as pessoas a aprender. A lei da seleção natural, como bem comprovou Darwin, se encarrega de punir, se for o caso, aqueles que escolheram ficar ignorantes. Por outro lado, tudo o que é proibido sempre é mais tentador. E matar aula tem um gostinho delicioso quando estamos na adolescência, não tem? Fala sério!


Um comentário:

  1. muito legal o post, mãe :)

    não sabia o detalhe da prova que tu "simplesmente" decidiu não fazer.

    o lance de matar aula acho que muda com a idade, hoje em dia sigo com o instinto de matar aula, mas o gostinho é menos delicioso, rola mais uma culpa mesmo ;P

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