quarta-feira, 23 de maio de 2007

Desabafo de uma recém-formada em RP

Pessoal:

Quem me conhece sabe muito bem que não sou de dourar a pílula e que muitas vezes choco os alunos com as informações que repasso. Hoje recebi um e-mail de alguém que se formou no ano passado e que está decepcionada com a realidade do mercado para profissionais de Relações Públicas. Pedi autorização para publicar aqui a mensagem que me foi enviada, com algumas pequenas edições que impedem que ela seja identificada. Ela autorizou e reproduzo abaixo a mensagem.

Imagino que muitos - tanto recém-formados, quanto estudantes e profissionais mais antigos -, sentirão um profunda empatia.

O que você pensa sobre isso?

Olá, prof. Ana, tudo bem?

Bom... eu me formei no final do ano passado, me inscrevi em vários programas de trainee, falo inglês e espanhol e até agora não tive retorno de nenhum emprego que tenho me candidatado.

Eu acho que é importante abordar a verdade sobre o mercado de trabalho de Relações Públicas. Por que não está fácil conseguir emprego na nossa profissão.

Eu estou trabalhando na NNNN, mas como analista financeiro, só entrei aqui por que eu falo inglês e espanhol e já estou de saída, por se tratar de uma vaga temporária, ou seja, estou praticamente desempregada e até hoje não recebi sequer uma proposta de trabalho para RP, a não ser estágio, que já não é mais o meu caso.

Estou decepcionada com a situação em que nos encontramos, ou no caso, em que eu me encontro e, assim como eu, há muitos alunos recém formados com a mesma dificuldade. O que me deixa mais triste é que a faculdade diz que nosso mercado esta em ascensão. Só se estiver em passos de tartaruga.

Se você procurar por vaga para Relações Públicas no site Catho, vai encontrar, no País inteiro, 8 vagas. No Estado de SP 6. Isso para recém formado.

Para profissional são 33 vagas que abrangem o País inteiro. É muito pouco, na minha opinião nossa profissão não está em ascensão e está muito longe de ser o que a faculdade prega.

Eu acho que devemos passar a realidade do mercado de trabalho, por que assim como eu sonhava com um bom emprego e hoje vejo que as coisas são bem diferentes do que se fala na faculdade, há muitos outros que também ficarão decepcionados.

Pretendo fazer uma pós-graduação em Administração, com ênfase em finanças para ter mais conhecimento e abrir a porta para o mercado de trabalho, se eu for depender da minha graduação em RP, vou ficar desempregada durante muito tempo, ou trabalhar em telemarketing, lojas de roupas, etc. Acho que eu não estudei pra isso.

Um comentário:

  1. Prezada colega:

    Não falo Inglês e arranho um "espanholzinho" bem safado. Mas, acabei de me forma em RP no final do ano passado.

    Devo confessar que tenho sido obrigado a dispensar muitos trabalhos que têm surgido especificamente na área de RP, mesmo indicando colegas para alguns, fazendo parcerias para outros, não tenho conseguido dar conta da demanda.

    Mas há algo que devo chamar atenção. Não estou falando de emprego de relações públicas, mas de trabalho em relações públicas. Não estou falando de uma salinha com uma plaquinha na porta escrito "Marcello Chamusca - Relações Públicas", mas de planejamento e execução de ações de relações públicas, trazendo resultados reais para as organizações que nos contrata.

    O mercado de RP não está em franca expansão. Ele é simplesmente o maior mercado existente entre todas as áreas de formação.

    Não há uma empresa sequer, desde a menor até a multinacional que sobreviva sem relações públicas. Agora, nem sempre tem um profissional de RP a frente deste trabalho, pois preferimos o "choramingo" a postura próativa.

    Fui contratado esta semana para desenvolver um trabalho, através de uma industria farmacêutica, para 5 clínicas de Salvador e descobri através do representante desta empresa que só do seu relacionamento, existem 158 clínicas na cidade que não possui assessoria de comunicação. Isso é um filão absurdo, não há nenhuma área com tanto espaço a ser preenchido quanto a nossa, mas infelizmente preferimos tapar os nossos olhos e choramingar...

    Proponho que saiamos deste circulo vicioso negativo de charamingar, procurar um empreguinho com carteira assinada para ganhar mil reais por mês, não encontrar, voltar para casa e choramingar mais, ... no dia seguinte sair para procurar mais um pouquinho mais um empreguinho para ganhar mil reais por mês, não encontrar novamente e voltar para casa para choramingar mais um pouquinho...

    Ninguém aguenta mais isso!!!!!

    Vamos quebrar este círculo!

    Deixemos para trás o complexo de inferioridade e passemos a conquistar os nossos espaços no mercado.

    Eles estão lá esperando por nós, só não encontra quem não procura.

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